Embora
os royalties do petróleo tenham o potencial de impulsionar o
desenvolvimento de municípios como Campos dos Goytacazes, nem sempre
essa correlação é direta e automática. Há vários fatores que podem
afetar o impacto dos royalties no desenvolvimento local, e em algumas
situações, esses recursos podem não ser usados de maneira eficaz ou
eficiente, resultando em um baixo desenvolvimento, conforme se observa
em Campos dos Goytacazes. A forma como os royalties são gerenciados e
alocados pelo poder público local é crucial. Se houver má gestão,
corrupção ou uso inadequado dos recursos, os benefícios podem ser
limitados e não alcançar a população de maneira significativa.
Em
alguns casos, os municípios podem se tornar excessivamente dependentes
dos royalties do petróleo, o que pode resultar em vulnerabilidade
econômica. Quando os preços do petróleo caem, fator que se verificou por
ocasião do segundo governo da ex-prefeita Rosinha Garotinho, ou a
produção diminui, o município pode enfrentar dificuldades financeiras,
conforme ocorrido em Campos. A dependência exclusiva dos royalties do
petróleo, sem diversificar a economia local, se torna um inequívoco
limitador do desenvolvimento sustentável a longo prazo. É importante
investir em outras áreas econômicas para reduzir a dependência do
petróleo. Por outro lado, se os recursos dos royalties não forem usados
para melhorar a infraestrutura básica, como estradas, saneamento e
transporte, isso pode limitar o crescimento econômico e a qualidade de
vida da população.
Importante
enfatizar que, na falta de uma política pública que tenha por horizonte
a promoção de uma sociedade menos assimétrica em relação à distribuição
de renda, com parece ser o caso dos sucessivos governos do município de
Campos dos Goytacazes, a alocação desigual dos recursos dos royalties,
com uma parte significativa sendo destinada a poucos setores ou grupos,
contribui para acentuar e reproduzir as disparidades econômicas e
sociais, com áreas carentes de investimento e desenvolvimento, conforme
se observa nos bairros periféricos de Campos dos Goytacazes, notadamente
os bairros localizados na margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, em
Guarus. Fenômeno, inclusive, já apontado em diversos estudos de
pesquisadores da região.
Para garantir que os royalties do
petróleo contribuam para o desenvolvimento efetivo e sustentável de
Campos dos Goytacazes, é fundamental que haja transparência na gestão
dos recursos, diversificação econômica, investimentos em infraestrutura e
educação, além de considerar a volatilidade dos preços do petróleo. A
participação da sociedade civil na fiscalização e monitoramento do uso
dos royalties também desempenha um papel importante na garantia de que
esses recursos beneficiem a comunidade como um todo.
No entanto, a julgar pelas ações do governo Wladimir Garotinho, membro do clã Garotinho, parece que as prioridades são as mesmas das dos outros governos, o que não é uma novidade. Campos dos Goytacazes tem um histórico de governos que se mostram bastante empenhados na manutenção do status quo, priorizando políticas cujas consequências são a reprodução das relações sociais historicamente verificadas numa região berço do conservadorismo, do reacionarismo. E não tem sido diferente com o governo Wladimir, em que pese sua desenvoltura no que diz respeito a um modelo de populismo rasteiro, mas eficaz enquanto instrumento de embotamento da consciência popular. Recentemente, o referido governo municipal anunciou a criação de uma linha de crédito para fomentar a atividade agrícola no município. Nas redes sociais, o prefeito enfatizou enquanto política de fomento à diversificação da economia local. Cabe questionamento! O que se espera de políticas de desenvolvimento econômico e que elas contribuam de forma inequívoca para a generalização e melhoria dos índices de desenvolvimento social. Ou seja, que seja um processo de desenvolvimento socioeconômico. Que contribua para a redução dos índices de desemprego, do aumento da renda proveniente do trabalho. Uma política de investimento no setor agrícola em Campos dos Goytacazes, possivelmente, se limitará na alocação de recursos públicos no setor sucroalcooleiro, atividade econômica histórica na região norte fluminense, sendo uma das primeiras, estando presente deste o período da colonização, e cujas famílias tradicionalmente exercem domínio político. É bom lembrar, aqui, da figura do vice-prefeito, inequívoco representante do referido setor sucroalcooleiro, atualmente. Uma política de investimento no referido setor, ao invés de potencializar uma necessária redução das assimetrias socioeconômicas, ao contrário, se mostrará num fator de reprodução dos padrões de relações sociais prevalecentes numa região historicamente segregada.
É fundamental que os setores populares, os trabalhadores , moradores das periferias, observem as prioridades das políticas públicas encampadas pelas famílias que historicamente se alternam no poder em nosso município, e chanceladas por nós mesmos, os excluídos. Políticas que, em que pese o discurso de serem expressão do interesse local, de toda a sociedade, na verdade são implantadas com objetivo de atender os interesses de setores dominantes da sociedade campista, cujo resultado é a manutenção e reprodução social nos padrões estamentais e segregados característicos do norte fluminense, e de Campos dos Goytacazes, em particular.
É
imperativo que nós, os excluídos da sociedade campista, os
trabalhadores, elevemos nossas consciências, tomando clareza do nosso
lugar no contexto social, bem como dos papeis ao qual nos querem
relegar, e que essa consciência se evidencie politicamente, conduzindo
ao poder do executivo municipal, bem como no parlamento, a Câmara
Municipal, representantes que de fato estejam alinhados com os nossos
interesses. Porque, nessa festa armada pelas elites locais, nos somos
convidados somente a pagar sem ver drogas malhadas antes de termos
nascidos!
Imagem: Click Macaé.